quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Gula


Tranquilize-se. A gula é um pecado venial,ou seja,ninguém vai se importar muito se você cometer,a não ser seu fornecedor de roupas e sua balança.

AHHHHHHHH achou que era isso mesmo não foi? Afinal, quem perde se eu estiver alguns quilos a mais, a não ser eu mesmo? É por causa desse tipo de pensamento, que hoje, muitos não consideram GULA um pecado, e sim um distúrbio, uma fraqueza..., qualquer coisa, menos uma transgressão da palavra de Deus e do que Ele quer para nós.

É interessante observar que, embora já tenham passado mais de 15 séculos desde que os monges cristãos do Egito começaram a refletir sobre esse assunto, os sete pecados capitais continuam presentes na cultura ocidental; ainda que muitas vezes seja desprezado quanto aos riscos que oferecem para a alma humana e outras vezes se transformem em mera campanha de marketing para vender picolé, como nós já vimos.

Nossa sociedade tem bebido de uma taça misturada onde o bem e o mal não são distinguíveis, parece à mesma coisa. É como um saboroso suco de fruta misturado a gotas de um veneno letal e lento em seus efeitos. Morre-se devagar! E onde a gente fica nisso tudo? Como nos comportamos diante de tanta informação deturpada? Como podemos entender o pecado da gula? Muitas vezes, é a somatória de desajustes que limitam, tanto física como emocionalmente, o indivíduo. Orbitar sobre mesas e geladeiras fartas, gulodices e não resistir às suas tentações, se escondendo para comer e não se satisfazer nunca, independente da quantidade, pode parecer tudo menos que o indivíduo esteja no controle da situação.

Em Êxodo 16, temos um exemplo de prática da gula, quando Moisés diz ao povo que Deus irá mandar o Maná do céu em 16:16: “Esta é a ordem que ele deu: Cada um de vocês deverá juntar o que for necessário para comer, de acordo com o número de pessoas que houver na família, dois litros por pessoa”. No verso 20 lemos: “Mas, alguns não obedeceram à ordem de Moisés e guardaram uma parte daquele alimento, para o dia seguinte”. A gula é um desejo insaciável de sempre querer mais, sem que haja contentamento com o que já temos.
A gula está relacionada com a ansiedade. O que está por traz disso é uma necessidade de satisfação de algo, de realização pessoal. Geralmente, é representativo de uma vida que não sabe viver com contentamento. O apóstolo Paulo disse que aprendeu a se contentar com tudo. É isso mesmo: viver com contentamento necessita de uma aprendizagem. Contentamento não quer dizer acomodação. Quer dizer saber tirar o melhor proveito de cada circunstância e ser agradecido.

A gula é controlada pelo uso da virtude da Temperança. Temperança significa colocar limites, ter domínio próprio, uma das características do fruto do Espírito. Isso nos lembra que ninguém consegue ter domínio de si mesmo sozinho, a não ser quando se deixa ser guiado pelo Espírito Santo. É um engano pensar que você pode ter controle sobre toda a sua vida, seus desejos, seus impulsos. Você só consegue fazer isso quando permite que Deus esteja no controle de sua vida.

Postagem feita por Lutércia Sampaio.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Preguiça (Parte 2)




Para nós, cristãos, a Palavra de Deus é fascinante por vários aspectos. Um dos pontos que mais fascina é o fato de ter sido escrita por quase 50 pessoas, muitas delas com diferenças de cultura, educação, origem e de tempo. E, mesmo assim, é possível encontrar coerência em todos os seus pontos. Causa-nos deslumbramento vermos palavras de Jesus presentes nos Salmos, por exemplo. Muito embora vários homens a tenham escrito, o seu Autor é um só.

Esse ramo da ciência estuda o comportamento social encontrado em várias espécies de animais, vertebrados e invertebrados. É consenso, e muito bem estabelecido, que a convivência gregária é vantajosa para a adaptação dos seres ao meio ambiente em que vivem. Isso é aplicado desde o estudo de formigas, abelhas e vespas, até estudos de psicologia humana. Na verdade, só por causa dessa definição já teríamos muito o que comentar à luz da Bíblia.

Mas vamos tentar imaginar um pouco no que Salomão estava pensando quando escreveu isso. Certamente ele foi um grande observador da natureza. Se você ler tanto Provérbios quanto Cantares vai perceber que os animais e os vegetais são colocados em comparação a nós de uma forma muito poética ou analítica.

No caso das formigas, muitos de nós já viram esses animais carregando pedaços de folhas para dentro do formigueiro. Interessante é o fato que elas não se alimentam das folhas, mas dos fungos que crescem sobre elas para decompô-las. Assim, se elas não colherem essas folhas no verão, no outono, quando as folhas caem e morrem, elas vão ficar sem alimento. Em segundo lugar, apesar do formigueiro estar cheio elas continuam levando as folhas para manter os estoques sempre em alta.

Num formigueiro ainda, encontramos formigas com várias funções: formigas-soldado, cortadeiras, carregadoras, as que vigiam os ovos, as que protegem a rainha e a própria rainha. O mais fantástico de tudo é que cada formiga dessas desempenha a sua função e não interfere na atividade da outra. Ou seja, existe uma interdependência e uma “confiança” na formiga que vai desempenhar a sua função. Nesse sentido, se sou uma cortadeira, posso fazer meu serviço sem me preocupar em me defender, pois uma soldado estará próxima de mim para me proteger. Poderíamos identificar nas pessoas de uma igreja o cristão-pastor, cristão-músico, cristão-intercessor, entre outros.

Se transportarmos isso para nós, como fez Salomão, veremos que temos muito a aprender com esses animais. Em primeiro lugar aprendendo que existe uma hierarquia a ser respeitada. Existe uma rainha que comanda e mantém o formigueiro. Essa rainha é a responsável pela reprodução e deposição de ovos para novas formigas nascerem. Na minha vida não sou eu quem manda. Existe Alguém que me é superior, ao qual devo reverência e para o qual vou prestar contas.

Nas nossas igrejas locais também tem hierarquia. Deus colocou homens que Ele mesmo tem preparado para nos comandar e nos levar a “pastos bem verdejantes” (Salmo 23:2). Nossos líderes foram colocados por Deus e devemos orar por eles, pois o trabalho deles visa o “aperfeiçoamento dos santos” (Efésios 4:11-12).

Outro ponto a ser destacado é que cada um de nós no reino de Deus, individualmente, tem sua função (1 Coríntios 12:12-27). Se não fui colocado por Deus para ministrar louvor, mas para distribuir os elementos da Ceia, vou distribuí-los com o maior espírito de louvor. Se Deus não me dotou de uma boa memória, como poderei ser um bom pregador? Ao contrário disso, sou um excelente intercessor, então vou anotar os pedidos das pessoas e orar para Deus abençoá-las.

Tenho plena convicção que muitos dos problemas que a igreja evangélica no Brasil está passando seriam evitados se atentássemos para as formigas. Se nos alimentássemos da Palavra de Deus constantemente, teríamos reservas para momentos de tentação e de desertos na nossa vida. Se ficássemos desenvolvendo o dom que Deus nos deu, ao invés de ficar procurando “pêlo em ovo”, poderíamos estar num momento mais firme, mais teológico, mais saudável espiritualmente. Se eu ajudasse mais meus irmãos na minha igreja local, talvez cresceríamos mais no conhecimento de Jesus (2 Pedro 3:18), talvez aprendêssemos mais da Palavra de Deus, talvez mais incrédulos fossem alcançados.

Se realmente nos preocupássemos com o corpo de Cristo, não deixaríamos os cristãos-missionários à míngua no campo missionário. Se realmente vivêssemos na realidade do corpo de Cristo, nossas famílias seriam melhor assistidas, órfãos e viúvas seriam melhor acolhidos. Minha palavra final é: deixemos a preguiça de lado, sigamos o exemplo das formigas, trabalhemos para o corpo e não para membros individuais.

Postagem feita por Wellington

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Preguiça (Parte 1)



Se você é preguiçoso(a) observe um pouco as formigas, pois com elas você pode tirar uma lição para a sua vida!

Elas não têm líder, nem chefe, nem governador, mas guardam comida no verão, preparando-se para o inverno. Preguiçoso, até quando você vai ficar deitado? Quando vai se levantar? Então o preguiçoso diz: “Eu vou dormir somente um pouquinho, vou cruzar os braços e descansar mais um pouco.” Mas, enquanto ele dorme, a pobreza o atacará como um ladrão armado.
Provérbios 6:6-11:

A preguiça pode ser interpretada também como aversão ao trabalho negligência, indolência, morosidade, lentidão, moleza, dentre outros.

O preguiçoso, conforme o senso comum, é aquele indivíduo avesso a atividades que mobilizem esforço físico ou mental. De modo que lhe é conveniente direcionar a sua vida a fins que não envolvam maiores esforços.

A preguiça é algo que pode ser combatido e pode ter motivações psicológicas ou fisiológicas.

O indivíduo pode não estar se adaptando ao meio em que vive, visto que a sociedade exige dele determinadas posturas e ações como trabalho, estudo, obrigações morais, obrigações sociais, etc. Portanto, o que poderia determinar o seu sucesso ou não é a capacidade de conciliar as suas necessidades com as demandas do meio em que está.

A pessoa que se sente acometida de preguiça necessita entender as circunstâncias em que se encontra e traçar seus objetivos de modo que seja conveniente para si e para os demais - isto, se for considerada uma perspectiva moral e ética. Dessa forma alcançará um equilíbrio entre o que deseja e o que lhe impede de alcançar seus desejos, seja qual for o motivo destes empecilhos. Aumentando, possivelmente, a sua satisfação em viver, em decorrência da diminuição dos seus conflitos internos.

Existem muitas formas de contornar essa situação. Pode-se procurar ter uma vida mais saudável de modo a melhorar sua disposição através de uma alimentação mais adequada ou atividades físicas como o esporte. Mudanças de hábitos, trocando-os por outros que lhe tragam maior satisfação. Procurar a opinião de outras pessoas. Encontrar coisas que lhe dê motivação e mais sentido à vida. Organizar melhor sua vida. Procurar orientação de um psicólogo ou de um psiquiatra. Procurar o convívio com outras pessoas. E uma infinidade de outras coisas que concernem, principalmente, ao próprio indivíduo.

A falta de disposição pode estar ligada a falta de um sentido maior nas motivações. Às vezes é melhor o sorriso de uma pessoa do que um grande valor financeiro, por exemplo.

Enfim, para superar a preguiça é necessária uma análise profunda sobre a própria vida, o pensamento e as motivações. Se sentir útil para si e para os demais, exige coragem e muita força de vontade.

Postagem feita por Wellington

sábado, 24 de outubro de 2009

Iracúndia (Final)

Estamos chegando ao fim dessa série de postagens sobre a Ira...


SANDRA ENCONRA O BLOG!

Nos dias que se seguiram àquele evento inesquecível em 12 de outubro, Sandra percebeu que sua filha não era mais a mesma pessoa. Embora estivesse aos oito anos de idade, a menina já expressava frustração com a vida em seu olhar. Estava sempre calada, trancada em seu quarto, ou sentada sozinha em um canto. Nessa última semana, passou a chegar da escola com manchas arrouxeadas no rosto, feridas e arranhões inexplicados, dos quais se negava convictamente a prestar qualquer informação.

Sentada em sua cama, Sandra perguntava-se se aquela era a vida que ela havia sonhado par si desde sua infância. Sentiu-se só, sentiu sua vida perder o sentido. Lembrou-se que se estava agora separada de seu marido que tanto amou, é por causa das tantas brigas violentas que travaram. Será que tinha motivo justo pra gente brigar tanto?, ponderou. Além disso, estava agora cada vez mais distante de sua filha, a única pessoa que tem nessa face da terra. Sandra percebeu que havia algo de muito errado com ela. Mas o que pode ser?, refletiu. Que maldição é essa em minha vida? Que faz com que as pessoas que eu amo se afastem de mim, me abandonem, vão embora? Perdi meus pais tão jovem, meu marido me deixou e agora não sinto mais o amor de minha filha. Preciso de ajuda.

Sandra deitou-se em sua cama e passou a relembrar vários momentos de sua vida. Como um filme antigo de imagem desbotada, pode reviver momentos do passado, momentos de fúria. Momentos em que não via nada. Só lembrou que estava gritando, mas não lembra as palavras que dizia, se faziam algum sentido. Lembrou-se que ao final da discussão com seu marido naquele último natal juntos, estava tão cega de raiva, que não lembrava o motivo inicial da confusão que a levou a arremessar boa parte dos enfeites da árvore de natal contra seu marido, ante todos os convidados da família.

Lembrou-se das tantas surras sem motivo que desferiu contra sua filha, somente para saciar aquele fogo incontrolável que se acendia violentamente em seu interior querendo consumi-la.

Ao final de um longo momento de reflexão, tudo que lhe veio à memória foram momentos desagradáveis discutindo com seus pais na adolescência, intrigando-se das amigas da faculdade, fazendo inimizades no trabalho, hoje sua melhor amiga não fala mais com ela, gritando com seu marido, envergonhando-o publicamente, humilhando-o diante dos amigos dele, para mostrar-se superior. Você acha que é melhor do que eu? – lembrou-se de haver gritado, enquanto jogava todo o suco em cima dele, antes daquele café da manhã em família que nunca mais aconteceu. Lembrou-se das últimas palavras que ele disse antes de abandoná-la naquela manhã. A partir de hoje, me esqueça, sua descontrolada. Tudo o que você quer é afastar todo mundo de você. Para mim já chega, não aguento mais. E escreva: eu vou entrar na Justiça e minha filha vai morar comigo, você vai ver! Palavras que nunca cumpriu, contentando-se em visitar Luiza nos finais de semana.

Sem saber o que fazer, sentou-se diante de seu computador, na escrivaninha de seu quarto. Levou os dedos ao teclado, não fazendo idéia do que escrever, e pesquisou:

IRACÚNDIA!

Quase involuntariamente seus dedos pescavam no teclado as letras formadoras dessa palavra. E se ela estranhou estar pesquisando uma palavra que não conhecia o significado (se quer a tinha ouvido ser pronunciada algum dia), espantou-se ainda mais quando encontrou um blog com esse título, cujos personagens de uma história ali narrada, tinham coincidentemente seu nome e de sua filha.

Subindo a tela um pouco mais, leu um pequeno artigo sobre a ira e suas consequências. Mas deteve-se mesmo no final, onde havia três versículos da Bíblia, intitulados pela inscrição: NÃO DEIXE DE LER.

Pegou sua Bíblia grande, herança de sua avó, que guardava sobre o guarda-roupa, e começou a ler.

Sentiu sua mente clarear-se, um turbilhão de sentimentos aflorando em seu coração. Sentiu-se estranha porque tudo estava ali, tão patente diante de seus olhos, tão visível desde sempre, a obra de Jesus, a morte na cruz. Na verdade, o maior mistério do Universo, que ela não tinha encontrado nos tantos livros de auto-ajuda que leu, nas tantas literaturas de suspense descortinou-se perante seus olhos. O segredo da vida estava ali, completamente revelado para ela.

Ela fechou os olhos por alguns instantes, tentando absorver tudo aquilo, pensando bobamente na possibilidade de reabri-los, e aquelas palavras daquele Livro Antigo não estarem mais ali, mas estavam. Leu em voz alta, digerindo suavemente cada uma daquelas palavras maravilhosas.

Jo 3:16. Porque Deus amou ao mundo de tal maneira, que deu seu Filho unigênito, para que todo aquele que n'Ele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.

Percebeu que tinha sido presenteada por Deus. Sentia-se realizada. Sentiu a solidão esvair-se como uma névoa que reage fugazmente ao romper do sol. A sensação era ótima, de alegria, de alívio, de liberdade.

Olhou novamente para o blog, e constatou que uma nova mensagem era postada. O título era: SANDRA LÊ UM BLOG! Outra coincidência incrível!, pensou. Leu intensamente o conteúdo daquele texto, começando a avaliar que o seu nome no personagem não era uma coincidência, mas correspondiam em tudo, eram exatamente ela e sua filha. Ela mesma era o personagem daquela história inconclusiva. Sandra empalideceu, não entendendo nada, seu estômago congelara, ela viu-se em sérios apuros.

IRACÚNDIA (Parte final)

Vergonha e assombro agora dominavam os seus pensamentos. Seus piores defeitos estavam ali, expostos, para todos verem. Mas isso não é possível!O texto narrava até mesmo os pensamentos que ela acabara de ter deitada em sua cama, segredos que ela não revelara a ninguém.

Pouco a pouco, seus olhos se abriram para a verdadeira realidade que a circundava, disfarçadamente. Constatou que ela não era uma pessoa como as tantas outras que conhecia, feitas de carne, osso e pele. Descobriu que era apenas um conjunto de dígitos virtuais na tela de um computador. Olhou para a tela de seu próprio computador. Quer dizer que nada disso é real? Tocou com os dedos a tela e sentiu que era uma membrana líquida, como a superfície de um copo de água, só que um pouco mais densa.

Aproximou lentamente seu rosto da tela, até encosta-lo. Com os olhos fechados, fez sua cabeça invadir aquele líquido gelatinoso, no que pareceu ser um pequeno túnel. Mas ela não foi muito longe, havia uma barreira dura do outro lado, uma barreira de vidro. Sentiu que com o rosto imerso naquele líquido, a respiração era um pouco mais difícil que antes.

Ao abrir seus olhos, uma visão estarrecedora a fez tremer. Atrás de muitas letras invertidas, uma grande imagem distorcida aos poucos entrava em foco, revelando-se ser um grande rosto humano.

Realmente, do outro lado da tela, um rosto enorme a encarava impacientemente, se a estivesse lendo e a leitura estivesse muito cansativa. Essa pessoa está me lendo? E já não havia mais dúvida, alguém a lia, como se ela fosse uma história, como se a difícil vida que ela teve fosse um mero conto. Na verdade, naquele exato momento, várias pessoas a liam, e ela se deu conta disso, contemplando brevemente um a um.

Levou a mão à boca, a sensação arrepiando-lhe o dorso. Percebeu, não sabe como, que as pessoas que a liam estavam passando todos os dias pelos mesmos problemas que destruíram a vida dela. Era a ira cotidiana, incontida, desmotivada, que a arrebentou outrora.

Entendeu ali que sua difícil vida só teria algum sentido, se as pessoas que a liam entendessem, como ela, o grande mistério da vida, que ela descobrira um pouco antes, a verdade mais óbvia de todas, que esteve todo esse tempo diante de sua face e ela não viu, como os seus leitores também não viam.Há uma esperança, disse para si. Há um conserto, o Filho de Deus já resolveu o nosso problema.

Queria gritar, quebrar aquele vidro, fazer as pessoas entenderem que a ira sem motivo justo que as dominava, fazendo machucar os próximos, estava destruindo a vida delas também. Queria externar que deviam prezar pela boa vida que Deus lhes tinha dado, bem como tinha dado a ela e ela não soube aproveitar.

Queria alertar das terríveis consequências da ira, de como ela estava envergonhada por ter sido tão irasciva, em toda a sua vida, por ter prejudicado até a sua filhinha a quem tanto amava.

Queria proclamar a solução que ela havia encontrado: Jesus! Que Ele estava mais perto de nós do que aquelas pessoas imaginavam.

Mas estava muda. As palavras não saíam de sua boca, ela não ouvia nada que saísse de sua garganta, somente escutava aquele zumbido dos velozes impulsos de energia se deslocando, arrastando as letras que estavam se formando sobre seu rosto, os raios velozes de elétrons passeando pelos circuitos do equipamento eletrônico do qual ela também era parte.

Sentiu-se sem forças, impotente, pois não podia fazer nada pela vida de ninguém. Seus olhos marejaram. Sabia da verdade que arrebatou sua vida e não podia transmiti-la para ninguém. Estava fadada a ver todo mundo se destruir como ela o fez.

Nesse momento, lembrou-se das últimas palavras dos textos da Bíblia que leu... Deus amou... enviou seu Filho...

De súbito, uma fagulha de esperança brotou em sua mente, clareando-a como o alvorecer. Começou a perceber que nada que ela falasse com a sua boca seria ouvido por ninguém. As pessoas só podiam ler a vida dela.

Retirou seu rosto daquele túnel eletrônico, sentindo-se fortalecida por uma nova energia que invadia seu corpo, as lágrimas já escorriam em seu rosto, lavando as tristezas, as dores, o passado, tudo, exclamou: Jesus! Obrigado, eu entendi. Me entrego a Ti! Obrigado, o Senhor já fez tudo por mim, por todos nós, eu creio em ti e em tua grande obra!

Levantou-se abruptamente da cadeira, que se precipitou atrás dela debatendo-se ruidosamente no chão, e começou a correr. Atravessou aquele mesmo corredor no qual, três dias atrás, machucara violentamente sua filha, de modo tão cruel.

Lembrando-se disso, sentiu-se ainda mais forte, mais decidida, mais perdoada por Deus, sentia-se livre.

Aquele corredor tão curto, agora parecia interminável, enquanto dirigia-se ao quarto de Luiza. Sandra entendia agora o amor que sempre houve dentro dela, que ela havia escondido, reprimido, disfarçado sob a máscara do rancor, da ira. Queria agora explodi-lo aos olhos de sua filha, entrega-lo a ela sem economias.

Ainda chorando, Sandra entrou no quarto de Luiza. A menina levantou os olhos do livro que lia e encarou sua mãe, sem querer imaginar o que viria a seguir. Mas sentia no olhar de sua mãe que as coisas haviam mudado, que tudo era diferente agora.

Ouviu cada palavra de Sandra. Palavras que agora traziam vida e não mais morte, traziam alegria ao seu coração. Luiza guardou tudo que sua mãe lhe disse, como um ouro puro, imaculado, sentindo o amor de sua mãe em cada palavra pronunciada, conseguindo até entender melhor o amor de Deus que sua mãe descrevia, somente em olhar para ela.

Luiza entendeu o mistério da morte e ressurreição de Jesus, e creu.

Ao final, Sandra abraçou-a, retomando as lágrimas que já haviam cessado há algum tempo, e balbuciou quase sem voz:

- Filha querida, eu te amo, não quero nunca mais machucá-la por causa da ira, lindinha. Me perdoe, por favor!

A resposta já estava pronta:

- Não se preocupe, mamãe. As coisas velhas já passaram, tudo se fez novo. Jesus, foi Ele. Ele já nos deu o perdão! Eu também creio. Eu te amo, mãe.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Iracúndia (Parte 3)



... Conseqüência: rancor e ressentimento de sua filha que não pode perceber nenhuma fagulha do amor materno escondido sob a violenta Mascara da Ira aposta no rosto daquela estranha mulher, naquele momento, desconhecida: a sua própria mãe.

O QUE SERÁ A IRA?

Será que a ira é algo ruim, proibido por Deus? Será que é realmente um pecado? Será que não existem situações em que temos razão em nos irar? Quais serão as conseqüências de nossa ira? Afinal de contas, será que nós, homens e mulheres de carne e osso, temos dentro de nós capacidade para não nos irarmos?

UM CAMINHO PERIGOSO.

Externada em acessos de raiva e agressão, que vemos comumente nestes dias, a ira é o DESEJO desenfreado de promover, ou de ver ocorrer, DANOS à integridade ou à vida de outrem. Ocorre quando consciente ou inconscientemente desejamos que a pessoa, contra quem nos iramos, desapareça, sofra alguma coisa, ou mesmo morra.

Não é à toa que Jesus, o Filho de Deus, o homem mais sábio de todos os tempos, o próprio Deus que se fez homem e habitou entre nós, nos alertou, no famoso Sermão da Montanha: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo. Eu, porém, vos digo, que qualquer que, SEM MOTIVO, se encolerizar contra seu irmão será réu de juízo, e qualquer que disser a seu irmão “você não vale nada” será réu de Sinédrio, e qualquer que lhe chamar de louco será réu do fogo do inferno” Mt 5:22.

Jesus está dimensionando o “irar-se” e o “HOMICÍDIO” num mesmo plano ontológico (teoria natural do ser), num mesmo nível de maldade, e num mesmo raciocínio no que concerne às conseqüências do pecado. Ou seja, com essa declaração, nosso Deus está afirmando que “irar-se SEM MOTIVO” é pecado do mesmo modo que matar alguém; que por ser pecado, “irar-se sem motivo” é mal aos olhos de Deus, da mesma forma que o homicídio; e que irar-se, sendo pecado, tem por conseqüência a morte eterna, da mesma forma que o homicídio.

Vendo por esse aspecto a ira não é algo tão inocente e irrelevante quanto a gente pensa. Não é mesmo? É na verdade um caminho muito perigoso.

NÃO VAMOS CONFUNDIR...

Mas há situações em que podemos, ou mesmo devemos, nos irar. A ira é devida quando o motivo é justo. Quando nos indignamos contra os vícios da injustiça, da desobediência a Deus e do pecado. Jesus mesmo se irou, vide João 2. 13-18. A bíblia diz que Deus é um juiz justo, um Deus que se ira todos os dias (Salmo 7.11); que a ira de Deus se manifesta sobre toda a impiedade e injustiça dos homens (Romanos 1:18).

Devemos ter essa ira, pois esse tipo de ira, necessária em determinadas situações, leva a pessoa a agir em favor da verdade, do amor e da justiça.

CONSEQÜÊNCIAS NOS RELACIONAMENTOS

A ira desmotivada, incontida, e geralmente com fundamentos egoístas, distancia as pessoas, atua no sentido contrário ao do vínculo do amor, destrói lares, separa casais, põe pai contra filho, filho contra pai, inviabiliza o perdão, cega as soluções, amplia os problemas, e gera ressentimento sobre ressentimento, mágoa sobre mágoa.

Quer confirmar? Leia os seguintes textos de provérbios: Pv 14:29; Pv 15:18; Pv 16:32; Pv 22:24,25; Pv 29:22.

CONSEQÜÊNCIAS À SAÚDE

A sociedade atual resolveu esconder a ira sob um nome da moda. “Eu não me iro mais, eu me estresso.” Então agora somos um monte de estressados gritando para todos os lados, agindo ensandecidamente uns com os outros? Mas isso é algo natural, respondem os povos, pois o estresse é somente uma doença e, como tal, sua origem é orgânica, atualmente involuntária e até inevitável, nesse mundo globalizado em que vivemos!

Talvez se as pessoas encontrassem o remédio do amor para curar sua ira, não estariam enfermando o corpo e destruindo-se a si mesmos.

É sabido de todos atualmente que os iracundos têm maiores probabilidades de desenvolver problemas cardíacos e vasculares (como infartos e derrames), dentre tantos outros desvios patológicos.

“Num estudo publicado no Internacional Journal of Psychosomatics, em 1990, foram identificadas as conseqüências fisiológicas do estresse profissional em três áreas: manifestações cardiovasculares (incluindo arritmias, taquicardia e hipertensão); mudanças biológicas (níveis anormais de ácido úrico, açúcar no sangue, substâncias esteróides e hormônios, especialmente cortisol, colesterol e catecolamina) e problemas intestinais (principalmente úlcera péptica). Além das implicações fisiológicas, os problemas emocionais incluem alcoolismo, tabagismo, o uso de drogas, ansiedade, depressão e doenças psicóticas, só para citar alguns. Os riscos de acidente no trabalho também aumentam.” (http://www.faac.unesp.br/pesquisa/nos/alegria/estresse/consequencias.htm).

CONSEQÜÊNCIAS ESPIRITUAIS

A ira sem motivo é pecado e como tal constitui-se uma afronta ao coração de DEUS. A Bíblia diz que todos pecamos e destituídos estamos da glória de Deus (Romanos 3:23). Que o salário do pecado é a morte (Romanos 6:23). E pior: diz ainda que não há nada que possamos fazer para mudar o terrível destino que nos aguarda. Não há obra de qualquer natureza, realizada por nossas mãos, que nos garanta sermos dispensados dessa destinação (vide Efésios 2:8,9, especialmente o 9).

Temos que passar a encarar a ira como algo sério espiritualmente também. Não podemos tratá-la como simples estresse: “dorme que passa”. Devemos lutar para reprimi-la a todo custo. É doloroso lutar contra o pecado, eu sei, mas é pior ainda entristecer o coração de Deus.

FIQUEI IRADO, E AGORA? CALMA! HÁ UM CAMINHO.

A Bíblia é clara ao alertar ao homem para que busque o caminho do arrependimento, que creia de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento, que o Senhor Jesus, ao vir ao mundo, foi elevado num madeiro, tendo seu corpo totalmente moído por uma terrível morte, para que tenhamos salvação. Que Ele entregou sua vida preciosa, divina, para salvar a alma perdida que tiver fé. Ao ressuscitar, Jesus mostrou que tem poder para nos salvar de todo mal.

Não há nada que possamos fazer para apagar o mal que fizemos. Todo erro será compensado com a morte, na tomada de contas final.

Ou morreremos eternamente nas brasas crepitantes do inferno, ou receberemos a redenção dada por Jesus por meio da fé. O qual, morrendo, tomou para si os pecados daqueles que crêem e entregam sua vida a Ele, recebendo sobre si toda a porção da punição que seria certamente açoitada sobre todos indistintamente.

Jesus já fez tudo para trazer salvação ao homem, sendo Ele o único caminho. Cabe a nós aceitar esse presente, renunciando à escravidão do pecado e entregando nossas vidas nas mãos d’Ele, para a glória d’Ele. Há uma esperança para você e para mim.

Mas Deus que é riquíssimo em misericórdia, mandou-nos seu Filho para morte de cruz em nosso lugar, a fim de que todo aquele que n’Ele crer, não pereça mas tenha a vida eterna! Deus resolveu nosso problema. Tenha fé, entregue sua vida a Jesus, confie n’Ele, e sinta-se revestido do perdão de Deus, que nos livra de todo mal, e nos leva ao seu reino de PAZ.

NÃO DEIXE DE LER...

Romanos 5:8;

Efésios 2.1-9;

João 3:16.

PS: É possível, para nós, controlarmos nossa ira. Ao percebermos a inutilidade do irascividade irrefreada, podemos buscar desenvolver o autocontrole. Se você não consegue controlar-se ante uma situação extrema, ou mesmo nos casos mais simples, peça a Deus sabedoria, que nos dá de presente sem economias se pedirmos. Pois a vontade de Deus é que resistamos à ira, e sejamos longânimos, ou seja, tardios em nos irarmos.

Glossário: irascividade: não se pode dominar a própria ira.

Postagem feita por Cláudio

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Iracúndia (Parte 2)


MINUTOS ANTES: Luiza equilibrava-se, escalando o guarda-roupa de sua mãe, desejando recuperar uma bateria que tornaria falante a boneca que recebeu pela manhã, hoje, 12 de outubro, famoso dia das crianças. Sem temer o resvalar de seu pé, esticou todo o seu corpo, com o braço erguido, as pontas dos dedos já se encostando à alça da bandeja onde os copos repousavam desde que foram recebidos pela mãe. Com mais um esforço, esticou-se um pouco mais, já segurando a alça com a mão inteira. Puxou-a e seguiu-se o estrago: Havia acabado de destruir a coleção de copos de cristal recebida como presente de casamento de sua mãe há vinte anos. A menina quase pode acompanhar com seus olhos o movimento serelepe dos copos saltitando por sobre a sua mão, rodopiando no ar, e estilhaçando-se quando do encontro com o chão.

Na tentativa inútil de salvá-los, Luiza soltou seu braço esquerdo direcionando-o na direção deles, porém, sem as mãos para segurar-se, apenas não sofreu uma queda certamente mortal porque a cama, que lhe estava próxima, suportou o peso de boa parte da fração superior do corpo da menina, que apenas tocou o chão com seus pés.

Assustada, a menina soltou gritos e murmúrios envoltos no intenso choro que lhe brotava dos olhos. Foram apenas alguns segundos de solidão, pois sua mãe que estava na cozinha atravessou o pequeno corredor do apartamento aos pulos, encontrando a cena inteira e passando menos tempo ainda para compreender o ocorrido.

A menina, que a princípio gritava do susto, passou a urrar de dor, ao ter sua orelha quase arrancada pela sua mãe, que a levantou da cama, por meio desse suporte inusitado. Os gritos da menina misturavam-se a toda sorte de insultos interpostos por sua mãe contra ela.

Enquanto era arrastada pela mãe por meio de sua orelha, ainda tonta pela queda, Luiza tropeçou em um sapato aparando-se do chão com suas mãos e joelhos. Com o pé mesmo, Sandra deu um empurrão em sua filha pelas costas, que acabou caindo no corredor.

Foi então que atuaram a corda de armar redes e o saleiro.

A mãe ensandecida e dominada ira como agente de uma violenta agressão verbal e física. A menina agora, além da dor lancinante, via-se envolta em sentimentos de rancor e ressentimento, sentindo ódio de sua mãe incompreensiva, ódio de morrer, ódio de matar.

Ódio...??

Por que não?...

... Ira!

Postagem feita por Cláudio.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Iracúndia


Trataremos de mais um pecado capital, a ira. Ficou um pouco diferente essa postagem, pois será feita por partes.

Sandra avançou contra Luiza, sua filha, e, aos pontapés, expulsou-a de seu quarto. Lançou mão de uma corda de pendurar redes e iniciou a brutal execução da sentença, sem julgamento, sem ponderação. Desferiu contra a pele branca de Luiza tantos golpes, que facilmente se percebia a rouxidão com tons avermelhados daquelas lacerações promovidas. Ainda cega pela ira, Sandra, empurrou a menina no chão, e, de um salto, alcançou o saleiro na mesa da cozinha, enquanto berrava sons guturais de uma mensagem incoesa e rápida da qual se depreendia pouca coisa:

-Isso é para você aprender e nunca mais botar o pé em meu quarto, sua maluca!

E não houve tempo para uma resposta. Luiza sentiu o pó espalhar-se por seu dorso, e o ardor do sal desidratando a pele machucada a fazendo delirar.

P.s: Iracúndia = pessoa que se ira com facilidade.

Postagem feita por Cláudio.